Voivod - Dimension Hatröss

Dando início a minha participação nessa empreitada tive a difícil missão de escolher um album que eu considerasse um bom start aqui no Musicaltopsy. Assim sendo, após noites insones e cuidadosa seleção here it is: das geladas e industrializadas paisagens de Quebec surgiu uma das bandas mais originais e inacreditavelmente subestimadas desse condenado planeta: Voivod. No presente caso apresento o album Dimension Hatröss (1988), quarto da banda. Para ser didático, vou falar, sem me estender muito, sobre algumas razões pela qual esse álbum (assim como toda a discografia dos mestres) é obrigatório para todo fã de metal ou aspirante a tal (desculpem a rima).

A pergunta que não quer calar: como soar original sem ser uma aberração ou fazer misturas 'força-barra' para chamar a atenção? Eles conseguiram. É thrash? É. É técnico? Pode apostar. É pesado? Sim, e rápido como o inferno. E ainda assim, lá estão as passagens melódicas, os contratempos, os trítonos e dissonâncias que viriam a se tornar a marca da banda, referências 'jazzy' e uma atmosfera absolutamente sinistra que permeia todo o álbum.

O que dizer sobre as guitarras? Metal é guitarra. E Piggy é gênio. Não espere passar mais uma década pra algum sabichão de revista de guitarra “descobrir” isso e te dizer. Isso é fato há mais de 20 anos.

Esses caras estavam definitivamente à frente de seu tempo. Para ser mais preciso eles ‘estavam hoje’, por assim dizer. Esqueça ecologistas e panfletários de plantão. Nós estamos ferrados. Voivod assim profetiza. Voivod é sobre um futuro obscuro, sobre a ciência subjugando a natureza, a máquina engolindo o homem, a incerteza quanto ao futuro, os instintos primitivos ressurgindo do passado, a evolução como retrocesso, é ácido, aço, vapor e concreto, industrialismo, armas nucleares e lixo espacial. Soa familiar?

Como um bônus, e como se já não bastassem as músicas maravilhosas com instrumental apurado, a estética genial criada com o logo e as capas perturbadoras desenhadas por Away, um senso de humor sarcástico destilado com uma inteligência raramente vista no estilo e tudo o que falei antes, eles ainda apelam fazendo letras geniais, algumas com referências a temas como ficção científica e... OVNIS! Agora, me diga uma coisa: em nome de Iommi, dá pra ser mais legal que isso??? Chega a ser covardia...

A essa altura é claro que já deu pra perceber que vocês estão diante de um fã incondicional da banda. Mas se me acharem suspeito confiram por si mesmos. A discografia é extensa e deve aumentar em breve com o lançamento do mais novo, e talvez último, álbum dessa lenda. O CD contará com temas que começaram a ser compostos antes da lamentável morte de Piggy, em 2005, e trarão novamente seus inspirados riffs e solos, já que ele deixou muita coisa já escrita antes de seguir viagem. Vale lembrar que contam, desde o álbum Katorz, com Jason “Jasonic” Newsted (ex-Metallica) no baixo.

Enfim, se ainda não ouviu,não perca (de novo) a chance de conhecer essa banda, em outras palavras clica na capa, baixa logo essa merda e seja iniciado na sociedade secreta dos sacerdotes perambulantes do universo hipercúbico voivodiano. Você só está 20 anos atrasado. Mas tudo bem porque eles estavam 20 anos à frente.

Pergunta retórica: alguma banda que você conhece por aí consegue fazer um cover de Pink Floyd soar melhor que a versão original? Voivod fez. E mais de uma vez. Aguardem mais desses caras por aqui...

NOTA: Veja a arte original do album, bem como vários trabalhos
geniais no site de Michel "Away" Langevin.

Tracklist:

...Prolog...
1. "Experiment" - 6:10
2. "Tribal Convictions" - 4:52
3. "Chaosmöngers" - 4:39
4. "Technocratic Manipulators" - 4:35
...Epilog...
5. "Macrosolutions to Megaproblems" - 5:33
6. "Brain Scan" - 5:08
7. "Psychic Vacuum" - 3:49
8. "Cosmic Drama" - 4:54
9. "Batman" (Neal Hefti) - 1:45

Info:

guitars: Piggy (Denis D'Amour)
bass: Blacky (Jean-Yves Thériault)
drums: Away (Michel Langevin)
vocals: Snake (Denis Bélanger)

Produced by Voivod and Harris Johns